quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sociedade na contramão


Assisti a um programa no Discovery Chanel sobre vida animal. A primeira parte mostrava um grupo de leões liderado por um mais velho seguido por outros mais novos e várias leoas. Todas haviam parido uma nova geração de filhotes e ensinavam os pequeninos a sobreviver através da caça, da fuga de um predador, etc. Num dado momento um leão novo, forte e que não era do grupo desafia o chefe e, numa luta desigual, mata o mesmo cruelmente. Os machos mais novos renderam-lhe lealdade. As fêmeas entenderam que aquele seria o novo procriador.

Poderia ter parado por aí. Mas, para não deixar provas de que ele seria o todo poderoso, ele matou 3 filhotes de leão que brincavam sem nada entender, comendo dois deles. Com o focinho ainda sujo de sangue, procurou à fêmea, mãe dos filhotes e acasalou com ela. Ela, submissa, aceitou. Tão logo o ato foi consumado, ela começou a miar de forma sofrida. Segundo o narrador, ela chamava seus filhotes e, pelo visto, sentia que eles não viriam mais. Ela caminha perdida pela mata até que encontrou um deles, o que não havia sido devorado, caído, sem vida. Ela, miando e lambendo sua cria, empurrava-o quase que em desespero, tentando colocá-lo de pé, como se pedindo para que ele corresse, pulasse... E ele inerte... Depois de muito tempo, essa mãe deitou-se ao lado do seu filhote morto e o lambeu por horas e horas sofridas...

Desliguei a TV e fiquei pensando: Esse é o mundo dos animais irracionais, lei da selva, o forte superando o fraco, não existem laços afetivos embora o senso de maternidade daquela leoa tenha sido tão forte quanto o do ser humano. Esse filme me deixou um tanto triste, pensativo e, ao mesmo tempo, aliviado. Como um ser pensante, nem eu e nem os membros da minha espécie precisam desse tipo de atrocidade para provar nada.

No mesmo dia, assisto ao telejornal que, em menos de uma semana, quatro crianças recém nascidas são achadas em latas de lixo, uma ainda com o cordão umbilical por cortar. Estaremos nós andando na contramão da sociedade ou o mundo se perdeu em sua total falta de humanidade?

Desde que o bebê é concebido, ele ouve, ele sente, ele participa da vida dos seus futuros pais e do mundo onde irá viver em breve. Se ele não é desejado, se ele é molestado com palavras duras, se ele sente que não é bem vindo, ele não sabe o que é ser humano, afinal desde o útero, foi tratado como um bicho. Explica? Talvez... Mas, não justifica.

Meus amigos, nós, seres humanos, dotados de inteligência, sabemos que o que se começa com amor, tende a crescer com amor, a se fortalecer com amor e frutificar com amor. Nossas crianças devem ser amadas desde que são concebidas. O homem é fruto do meio.

Precisamos de alguma forma reverter esse quadro, pois está mais fácil achar um bebê no lixo do que uma moeda de R$ 1,00!

Um abraço,

Pedro Angelo


2 comentários:

  1. Pedro

    Não é nada bonito o que vemos e ouvimos nos noticiários, e muitas vezes me pego pensando para onde estamos caminhando. Não nos sentimos seguros de sair à rua, de deixar que nossos filhos se aventurem, pois há uma realidade cruel lá fora. Os valores da sociedade continuam os mesmos, porém as famílias de hoje estão se deteriorando, pela falta de valores e pela falta de limites, a falta de educação e respeito são visíveis em todos os níveis sociais. Os maus exemplos são plantados por todos os lados e disseminados pela mídia global de maneira assustadora. Gostaria de saber, o que a mídia ganhou dando o espaço que deu ao jovem terrorista que a pouco matou 12 crianças a queima roupa? O bem não dá ibope, infelizmente. Uma vez assisti um filme onde um garoto tenta mudar o mundo através da "corrente do bem" ou do "passe adiante", não esqueço o nome do garoto "Tremor", a mudança através do exemplo. Precisamos crescer como família, como sociedade. Precisamos de educação, de planejamento familiar, de uma estrutura social baseada no respeito, na igualdade e na fraternidade para sairmos dessa contramão. Parabéns.
    C.A.POSSOBOM

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  2. Pedro Ângelo, parabéns pela iniciativa! Criar um espaço onde temas importantes como estes sejam tratados de modo reflexivo e, numa perspectiva de ampliação da discussão, é algo enriquecedor para todos nós. Acompanho o seu trabalho desde o Grupo "Nascer melhor", espaço no qual pude me preparar para a tão esperada estréia nesse papel de ser mãe... Sua trajetória de vida tem sido marcada por sua dedicação à sociedade, em especial, nas intervenções que possam melhorar a fase mais inicial da vida dos seres humanos. Gostaria também que pudesse trazer para suas reflexões cada vez mais as mulheres que, dentro do âmbito do nascimento, são fundamentais em sua existência... Com admiração pelo seu trabalho deixo aqui o meu abraço, Fabiana Malha

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